quarta-feira, 27 de agosto de 2014

BC Papeando com Azamigas

Hoje é dia de BC e o tema foi escolhido pela Evelyn do Enquanto Te Esperava e é "Os valores que quero passar para o meu filho". Ah, já pensei nisso até demais, na verdade penso todos os dias, desde que era ainda tentante. A preocupação com isso se multiplicou quando descobri estar esperando Helena.
Falar em valores me leva a uma retrospectiva sobre como meus próprios valores se fundamentaram e isso me lembra principalmente do CLJ (Curso de Liderança Juvenil Cristã) onde em determinado momento listávamos nossos valores e desvalores, gostaria de encontrar aquele velho caderno. Eu cresci em uma família católica, nesse ponto não tem como desvincular os valores que EU desenvolvi da religião, já que fui criada sob os preceitos dessa "comunidade". Mas fui além, aos 17 anos decidi que não concordava com muitos valores da igreja católica e me afastei, alguns anos depois ainda conheci uma igreja evangélica e concordava com muitos valores praticados ali, porém nem todos faziam parte do que eu estava construindo naquele momento, por isso também me afastei.
Mas é claro que tudo isso afetou a construção dos valores que prezo hoje, assim como a criação dada pelos meus pais, que foi extremamente livre e nada violenta (nunca apanhei ou fiquei de castigo, adestramento não era praticado lá em casa). Não acredito ser capaz de moldar os valores que Helena terá, aliás nem quero. Espero sinceramente que ela tenha liberdade e autonomia de descobrir seus próprios valores e a forma de conduzir sua vida, mesmo que eu e seu pai discordemos dela. E portanto acredito que autonomia e liberdade sejam valores importantes e sobre os quais muito cedo a criança pode compreender e desenvolver. Nossa escolha por não batizá-la, não perfurar suas orelhas (e nenhuma outra parte do seu corpo) e permitir que ela possa nascer quando estiver pronta e da forma mais respeitosa possível tem uma ligação direta com esses valores. Chamar Helena de "minha filha" não me dá a liberdade de exercer a minha vontade sobre seu corpo, mas sim de preservá-lo até que ela mesma possa expressar e exercer suas vontades. E nesse mesmo ritmo nossa prioridade pelo seu conforto ao invés de sua estética, sua infância ao invés de sua orientação sexual.
Helena hoje é uma página em branco, quando a visualizo fora da barriga ainda vejo um vulto sem cores, sem preferências, sem expectativas de que seja assim ou assado. Mas todas as cores que eu puder dar, estarão em suas mãos.
Compartilho ainda um texto que muito me emociona, mesmo antes de eu esperar Helena, mas que tem tudo a ver com tudo que espero dos próximos anos:
"Helena,
Quando você nasceu foi declarada do sexo feminino, mas quando ainda era muito pequena, um cisco na minha barriga, já imaginava “E se a escolha não for a mesma constatada pelos médicos?”. Sim, já discuti isso com seu pai."
Continua aqui:  http://cartasparahelena.wordpress.com/2014/03/30/helena-voce-pode-ser-um-menino-se-quiser/comment-page-1/

16 comentários:

  1. Bacana seu jeito de pensar, embora discorde em algumas coisas. Mas é importante ensinar a ter autonomia e que ela é livre pra fazer o que quiser.
    Boa sorte nessa caminhada
    Beijos.

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    1. Um brinde à diversidade! o/
      Que nossos pequenos saibam manter a paz mesmo nas discordâncias.
      Obrigada Fernanda!
      Bjinhos

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  2. Muito bem Tami, muito legal o teu texto...você será bem liberal! hehe

    bjks

    querosermami.blogspot.com.br

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    1. É, acho que sim, espero que sim.
      Nem sempre atendemos às nossas próprias expectativas, espero estar pronta para isso também!
      Bjinhos

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  3. Como bons pais que queremos ser, sempre sonhamos com o melhor para nossa cria não é...mesmo que suas escolhas não sejam iguais as nossas, ou que não estejam nas nossas expectativas...Ótimo texto!!
    Bjss
    http://agoraeuquerosermae.blogspot.com.br/

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    1. É difícil pensar, parece que ainda falta tanto tempo, e mais o medo de tudo mudar, de nós mesmas já sermos diferentes, criarmos novas expectativas. Nessa época são muitas as mudanças e reflexões.
      Bjinhos

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  4. Excelente texto!!!!!
    Vou passar lá no Cartas para Helena....e que por coincidência será o tema que escolhi para a outra BC que participo....Carta a meu filho (a)!!!!

    Bjos e boa semana.

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    1. Eu acompanho o "Cartas para Helena" há tempos. Acho maravilhoso, concordo com alguns pontos, discordo de outros, mas gosto da leveza dela.
      Bjinhos

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  5. Oi Tami acredito tb q não devemos colocar um padrão de como nosso filho devão ser, mas como vc disse devemos dar todas cores =) bjokas

    http://www.futuramommy.blogspot.com.br/

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    1. Não temos como prever não é mesmo. Eles terão suas próprias personalidades e influências, não temos controle sobre nada.
      Bjinhos

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  6. Sempre temos a liberdade, e que ela seja respeitada, passar isso pra Helena, será uma forma de respeitar sua individualidade.
    Beijos

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    1. Discordo que sempre tenhamos liberdade, aliás acho que no mundo de hoje, cada vez temos menos liberdade e mais imposições. A liberdade está muito distorcida e perdida, espero poder resgatar isso com Helena.
      Bjinhos

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  7. Ei Tami me surpreendi com seu texto e também estou reflexiva, principalmente quando vc colocou em questão furar a orelha... interessante demais o seu ponto de vista. Gostei!
    Bjkas

    http://elomaterno.blogspot.com.br

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    1. De!!!
      Tão bom "ver" você! Saudades...
      Furar a orelha para mim é uma questão muito maior que para a maioria. Considero violência, afinal mesmo que ela não queira usar brincos e retire, a marca ficará para sempre. Assim como eu, que não uso brincos, tenho a minha.
      Parece bobagem para muita gente, mas considerando a minha história de vida, o meu tempo de aceitação e compreensão, minha cura como mulher, vejo assim.
      Vê se não some! Beijos grandes e duplos!

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  8. Faz parte do processo de gestar pensar nos valores que queremos passar para nossos filhotes! Sou cristã, pretendo ensinar meu filho a seguir esse caminho, mas sem imposições. Saberei respeitá-lo, assim como fui respeitada por meus pais nas minhas escolhas. Que Deus nos ajude a sermos boas mães! Beijos!

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    1. O processo de gestar nos traz tantas reflexões difíceis né. Não dá pra tentar projetar tudo, sobre nada temos controle. Mas pensar nessa fase é bom, faz bem, já que no puerpério parece ser tão difícil pensar. Hehe
      Bjinhos em vc e no Henrique!

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