quinta-feira, 5 de março de 2015

Amamentação

Acho que todas as mães, após o relato de parto, deveriam publicar um relato de amamentação. Porque assim como não é fácil parir, não é fácil amamentar, e eu acredito que a não amamentação tenha consequências tão duras - senão até mais - que o parto cheio de violência.
Não vou falar aqui sobre as recomendações dos órgãos de saúde, ou orientações para amamentação, isso está a disposição na Caderneta de Saúde da Criança e em grupo do facebook como o GVA (Grupo Virtual de Amamentação), ou também no Banco de Leite mais próximo.
Primeira Mamada da nossa vida - 2,900kg 47,5cm
Eu sempre sonhei com a amamentação, me emocionava com aquelas propagandas do Ministério da Saúde que mostram a mãe cheia de leite com o rebento gordinho agarrado no seio. Assim como queria parir, eu queria amamentar.
Não amamentei Helena na primeira hora de vida, quando ela nasceu não tive o instinto de colocá-la no seio. Apenas fiquei com ela nos braços, depois ela foi para a vitamina K e colírio, e então quando voltou estava dormindo. Ali a enfermeira colocou meu seio na boca dela, ela sugou muito pouco e soltou. Eu não me preocupei, pois sabia que os bebês nascem com energia para as primeiras horas de vida.
Seguimos para o quarto e meu único medo era não ter alta no dia seguinte, só pensava em ir pra casa logo e sabia que para isso a amamentação precisava estar estabelecida. Algumas horas depois, veio outra enfermeira e novamente colocou meu seio na boca dela, dessa vez ela pegou e ficou. Nos primeiros dias Helena era um reloginho, 30 min de mamada a cada 3 horas (em média, nem sempre eu olhava o relógio). Sempre que uma enfermeira entrava no quarto e perguntava sobre a amamentação eu dizia que estava ok, mas Helena não pegava o seio direito. Nossa doula foi nos visitar e relatei a ela, que me orientou a tentar colocá-la para dormir em outra posição e também tentar outras posições ao amamentar.
Tivemos alta e dois dias depois eu acordei no meio da noite com os seios endurecidos e com a camisola molhada, meu leite tinha descido. Então começaram as dificuldades! Meus seios ficavam muito cheios e Helena, muito pequena não conseguia abocanhar a aréola, quando ela conseguia descia muito leite e logo ela se engasgava, desistia e chorava. Foram dias longos, eu conversava com a doula, com azindia do zap zap, ordenhava, massageava enquanto o pai ou minha mãe a acalmavam e oferecia o seio. Era tão difícil fazê-la pegar que mesmo com a pega errada eu a deixava mamar, e com o passar das mamadas meus seios começaram a ficar machucados. Meus dias se resumiam a ordenhar, amamentar, passar leite na aréola, deixar secar, ordenhar e assim por diante. Nesses dias minha mãe foi a salvação, ela cuidou de tudo para que eu pudesse cuidar somente da Helena - ela cuidava de mim também, minha comida, roupa era tudo com ela.
O mais difícil eram as noites, o papai ficava sem paciência, dizia que Helena estava sendo preguiçosa e eu chorava mais ainda e o bebê ficava mais agitado. Nesses dias eu agradecia por nunca ter deixado chupetas e mamadeiras entrarem aqui, porque eu sempre pensava: amanhã eu compro uma e taco na boca dela, e o amanhã nunca chegava, porque as manhãs das mães que amamentam são sempre melhores que as noites. Rsrsrs
Hoje, eu vejo como tudo isso passou rápido, na maternidade tudo passa, você nunca é a única, e a próxima fase é sempre mais difícil. No salto de desenvolvimento do primeiro mês, quando eu pensava que tudo já estava estabelecido, Helena desaprendeu a pega e recomeçamos o processo.
Eu aprendi que temos a tendência de endeusar tudo que envolve a maternidade, não amo amamentar, o ato de amamentar. Amo saber que estou nutrindo minha filha, que meu leite tem nos mantido até aqui e que tudo que ela precisa até o sexto mês de vida eu posso produzir. Nos mantivemos fiéis ao nosso objetivo de não nos render aos bicos artificiais e aqui estamos, firmes, fortes e plugadas.
4m16d - 7,400kg 67cm

2 comentários:

  1. Muitas amigas que tiveram parto normal me disseram que amamentar foi bem mais dificil que passar pela dor do parto. Como fiz cesárea e meu pós operatório foi péssimo, a amamentação, amém, correu muito tranquilamente e eu gostava muito de amamentar. Pena que não durou o tempo que eu gostaria, mas, o tempo que durou foi bem aproveitado. Fui feliz por nutrir meu filho e espero poder fazer mais pelo que está chegando!! Bjks, Tami!!

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    1. Pois é, My. No caso, eu não conheci o pós da cesárea. Mas pra mim parir foi muitíssimo mais fácil que amamentar. A cada dia seguimos mais tranquilas agora, mas o início foi difícil.
      Beijos

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