sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

O outro lado do empoderamento

Participo de grupos sobre tentativas, gestação e maternagem. Já estive em muito mais lugares do que estou hoje, fiz uma limpa e fiquei somente com aqueles realmente úteis que me trazem boa informação, sem lotar a tl de “coisinhas fofinhas”.
Eu sou extremamente prática, sem muito mimimi. Sim é sim, não é não. Então não tenho paciência para a criatura que toda vez que vê um pelo nascendo corre para um grupo para perguntar o que pode ser aquilo. Ou pior, consulta um médico e depois vem questionar a forma como deve ser tomado o medicamento (sei que temos médicos suspeitos e nem todo mundo pode escolher com quem consultar, mas um grupo de mulheres que não te conhece – por mais empoderadas que sejam – não poderá te responder: tome o remédio ou não). Não estou falando de um único grupo, isso está acontecendo em todo lugar.
Tenho refletido bastante sobre isso, e acredito que aí está o outro lado do empoderamento. Eu percebo que as vítimas do sistema estão virando as vitimas da humanização. São pessoas que não sabem por que querem o que querem. E isso me assusta. Porque teoricamente, o empoderamento tem a ver com “poder” de decisão. Tem a ver com procurar informações e agir com propriedade, e não porque o fulano disse que seria legal.
Recentemente, alguém me procurou pedindo informações  sobre o SM. Eu tenho um ciclo regular de 28 dias, e não tomei nada por não achar necessário. Pesquisei, li e decidi. Não posso indicar um medicamento (mesmo sendo “natural”) para ninguém, não posso dizer que vai funcionar para você. Mas as pessoas tem essa necessidade de confirmação, e isso tem um lado muito obscuro. O de não confiar em você, e daí atribuir a um “remédio” o milagre da vida.
As mulheres, ao procurar alternativas que “facilitem” acabam atribuindo a essas alternativas o momento em que estão vivendo. E daí ao invés de entender que seu corpo funciona, elas entendem e convencem o mundo todo que sem chá de inhame mulher nenhuma engravida. Essa mulher, provavelmente, será convencida pelo GO fofinho que ela não é capaz de parir, pelo pediatra que ela não é capaz de amamentar, e culpar o sistema por tudo isso.
O sistema funciona? Não. Mas enquanto não nos apropriarmos da nossa própria vida e dos nossos atos, nada vai mudar. E isso não se aplica somente a maternagem, mas a tudo que envolve nossas vidas. Desde a vida profissional aos seus relacionamentos mais pessoais, quem não se apropria de si mesmo, permite que os outros tomem decisões por si.

6 comentários:

  1. Eu também, sim é sim e não é não... Não sou de rodeios...
    Mas sobre quem acha que suas fórmulas servem para todas vocês, o mundo está cheio... O inhame, o chá de romã, a posição na hora H, o corte de cabelo etc... Existem seitas por aí: a do peito, a do PN, a PN na água, a da não-chupeta, a do deixa-o-filho-chorar-no-berço..... etc.. Você e seu médico saberão o melhor pra vc e seu (s) filho (s). Bom fim de semana :) bjs

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    1. Sou a favor da troca, da partilha, mas cada caso é um. A prova disso é minha mãe, que depois de ter criado três filhas levou um baile do meu irmão mais novo, que chorava a noite toda (depois de meses encontraram o que o incomodava e não era necessidade de apego).
      Só que isso deixava a minha mãe muito insegura, e como minha avó repetia: mães inseguras criam filhos inseguros. Dito e feito.
      Bjinhos

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  2. Acho legal a troca de informação,mas não podemos confiar cegamente em uma informação só,sempre é bom confrontar, e se não confio da informação de um médico,por exemplo,acho que procuraria outro médico e não pessoas, que por mais que tenham boa intenção,não tem conhecimento acadêmico.

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    1. Concordo Julia. O que me incomoda é a quantidade de pessoas que não entendem e não querem se responsabilizar por suas escolhas. Ponderar o que é melhor.
      Enfim, seja bem vinda e obrigada pela visita!
      Bjinhos

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  3. Hoje em dia as coisas funcionam assim, se você não seguir a voz dos ativistas você vai queimar do mármore do inferno materno (Oi?) e ao mesmo tempo um monte de gente insegura que quer transformar a história dos outros na sua e esquece de viver a sua própria vida... Adorei o post e gosto de ver gente assim, que foge do discurso sistêmico.

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    1. E se você seguir também vai! rsrsrrs
      Concordo com o que o Jorge falou, você precisa de um médico de confiança e você (pai e mãe) e ele saberão o que fazer.
      Vamos derrubar o sistema! o/
      Bjinhos e bom finde Léo!

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